sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O CATOLICISMO, A IGREJA E O ESTADO parte 2

EXEMPLOS HISTÓRICOS DE PRATICAS CATÓLICAS CONCERNENTES À RELAÇÃO DA IGREJA COM O ESTADO
Em 313 d. C. o politicamente astuto e pragmático Imperador Romano Constantino tornou o Cristianismo a religião do Império Romano e passou a apoiá-lo com o governo civil. Em pouco tempo alguns bispos Cristãos ambiciosos começaram a usar o governo civil para dominar todos os Cristãos que não concordassem com eles. Utilizando o governo civil, esses bispos passaram a fazer, pela força, que todos se conformassem ao seu tipo de Cristianismo. Aqueles que não se submetessem eram chamados de Novacianos, Donatistas, Paterinos, Valdenses e Anabatistas. Augustino acreditava, propagava e defendida a união da igreja ao estado feita por Constantino, para que, quando o Catolicismo viesse a existir, em aproximadamente 600 d. C., adotasse a visão de Constantino e de Augustino.
A invenção do batismo infantil desempenha um importante papel, unindo a igreja ao estado em práticas Católicas. O batismo infantil é inseparável dessa união da igreja ao estado. É um fato que é sobre esse grande princípio que se baseia a união da igreja ao estado.
Nações inteiras são mantidas como nações Católicas, porque o Catolicismo requer que todas as crianças nascidas nessas nações sejam batizadas na Igreja Católica. Se somente pessoas regeneradas, que se arrependem de seus pecados e confiam em Jesus Cristo para a salvação fossem admitidas nas igrejas, nunca haveria uma igreja do estado em lugar algum.
Na história há incontáveis exemplos bem conhecidos de como o Catolicismo tem usado a união da igreja ao estado para seus propósitos. Em 1076 d. C., o Papa Gregório VII forçou o Rei Henrique IV da Alemanha e da Itália a deixar seu ofício de Rei por não aceitar o governo do papa sobre ele. Excomungou-o e disse aos seus súditos que não honrassem seus juramentos a ele, proibindo-lhes de obedecer-lhe como seu rei. Henrique tentou desesperadamente manter seu reinado, estando disposto a fazer o que pudesse para isso. O papa obrigou o Rei Henrique a permanecer esperando sem chapéu e descalço na neve por três dias até que recebesse o perdão e fosse restabelecido seu trono. Como humilhação maior, o papa obrigou Henrique a beijar seus pés e mendigar seu perdão.
Desde sempre o Catolicismo tem usado os exércitos das nações para conquistar reinos e espalhar a religião Católica. Todas as cruzadas foram inspiradas pelos papas que ordenavam aos reis e imperadores que as conduzissem. O principal argumento usado pelo Catolicismo para tentar justificar as cruzadas e a terrível matança de judeus e muçulmanos foi que os Cristãos devem tomar de volta o santo sepulcro de nosso Senhor dos infiéis, em Jerusalém!
Modernamente o Catolicismo trabalha para fazer que as nações da terra reconheçam sua autoridade sobre o governo civil, fazendo que mandem embaixadores para o Vaticano e, da mesma forma, recebam embaixadores do Vaticano. Era política dos Estados Unidos, nos governos dos Presidentes Roosevelt e Truman, indicar embaixadores e cônsules Católicos Romanos para representar os Estados Unidos em países da América Latina. Truman indicou um embaixador dos Estados Unidos para o Vaticano, mas o Senado indeferiu o plano. O Presidente Reagan finalmente conseguiu indicar um embaixador para o Vaticano, o que foi confirmado pelo Senado.
Apontar um embaixador para o Vaticano é uma negação total de nossa crença americana de separação entre a igreja e o estado. Mandar tal embaixador é reconhecer o Vaticano e a Igreja Católica Romana como uma entidade política tanto quanto religiosa. Essa prática não-bíblica e não-americana é confusa e rompe com a separação básica entre a igreja e o estado. Tal política apresenta a Igreja Católica como favorita sobre outras. Isso insulta as igrejas não-católicas e é uma reminiscência dos tempos medievais.
Há quatro conseqüências muito sérias resultantes da união da igreja ao estado, onde quer que ela ocorra na história:
  1. A união da igreja ao estado resulta muito mais no uso da força do que do amor de divulgar o Cristianismo. Quando a igreja e o estado se unem sob as ordens do papa, usa-se muito mais a coerção do que a persuasão para fazer que as pessoas se conformem às doutrinas da igreja. O Catolicismo avança e isso se deve a ajuda do governo civil, o que significa forçar as pessoas, contra suas convicções, a aceitar as crenças e as práticas da religião Católica.
  2. Outro resultado da união da igreja ao estado é que esse sistema de doutrinas falsas torna-se uma ofensa contra o estado e também contra a Igreja. A doutrina falsa torna-se um crime que deve ser punido pelo governo pelo fato de o governo estar unido à Igreja e influir nas suas decisões. Há séculos o Catolicismo tem usado o Estado para parar o ensino da Palavra de Deus por aqueles que estão fora da Igreja Católica.
  3. Um terceiro resultado da união da Igreja ao Estado é a penalidade mortal para quem não se conforma aos ensinamentos do Catolicismo. O Catolicismo decretou que aqueles que concordam que a Igreja encontre seu próprio caminho sem os benefícios da cooperação do Estado deveria ser punido com a morte. Em 1558, o Papa Paulo IV disse, em sua bula papal Cum Ex Apostalatus Officio: "O Papa, como representante de Deus, tem todo o poder sobre as nações e reinos; julga a todos e não pode ser julgado por ninguém neste mundo. Todos os príncipes e monarcas, assim que caem em heresia, são depostos e decorre a sentença de morte". Há séculos a Igreja Católica Romana tem convocado o governo civil para executar incomensuráveis milhões de Batistas e outros que não tenham concordado com eles e não se conformaram aos seus ensinamentos, desejando unicamente seguir a Cristo em santidade e obediência.
  4. A união da Igreja Católica ao Estado também torna a Igreja um órgão político e seculariza-a. O papa e o Catolicismo reinam sobre os reinos terrenos. A história do papado tem sido muito mais a história de uma instituição política do que de uma instituição espiritual.
O Vaticano é um Estado com governo civil próprio. Tem uma bandeira, selos postais, força policial, tribunais, moedas de ouro e prata e emite passaporte aos cidadãos. O Vaticano tem seu próprio corpo diplomático, com um Secretário de Estado e embaixadores chamados núncios. A Igreja Católica Romana é uma organização política que estabelece relações internacionais com outras comunidades políticas. Já dividiu países, continentes e oceanos e, como temos visto, humilha reis e guerreia contra nações.
O ENSINAMENTO DA PALAVRA DE DEUS CONCERNENTE À IGREJA E O ESTADO
A Palavra de Deus apresenta um ponto de vista totalmente diferente do Catolicismo Romano acerca da relação entre a Igreja e o Estado. A Palavra de Deus ensina que o reino de Cristo neste mundo é um reino espiritual.
Vejamos agora João 18:36: "Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui". Nesse versículo, respondendo a Pilatos, que o havia perguntado se era o rei dos judeus, o Senhor Jesus explica qual é o caráter do reino sobre o qual preside neste mundo. Explica a Pilatos que não fez nenhuma reivindicação a nenhuma autoridade civil deste mundo. Evita qualquer reivindicação à autoridade civil deste mundo.
É importante notar aqui que o Senhor não diz: "Meu reino não está neste mundo". Diz mais do que isso, "Meu reino não é deste mundo". Os seguidores de Cristo não são deste mundo mas estão ainda neste mundo. O apontamento do Senhor nessa afirmação é de que ele não está procurando estabelecer um reino terreno.
A afirmação do Senhor ("Meu reino não é deste mundo") é uma antítese direta aos ensinamentos e práticas da Igreja Católica Romana. Segundo nosso Senhor, nesse texto, seus servos não lutam em guerras e cruzadas para vir ao seu reino e cumprir sua vontade na terra. "O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus". Os reinos do mundo são propagados e mantidos pelos armamentos do mundo, pela força. O reino de Cristo é propagado e mantido por princípios celestiais. Meus servos pelejariam! Resistiriam a minha detenção e usariam da força para resgatar-me se meu reino fosse um reino terreno, disse o Senhor. Meu reino não será conquistado pela luta, terror e força de exércitos! O Senhor Jesus Cristo nunca empregou a força para divulgar seu reino neste mundo como faz o Catolicismo! Quando o Senhor Jesus foi tomado pelos amotinados e Pedro puxou a espada para defende-lo, disse a Pedro, em João 18:11: "Ponha tua espada na bainha".
O Novo Testamento ensina os Cristãos a abandonar completamente o uso de armas carnais para alcançar Suas finalidades espirituais. II Coríntios 10:4-5 diz: "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento a obediência de Cristo".
Os verdadeiros servos de Cristo não lutarão para promover Seu reino nem pedirão por leis políticas para lutar por eles. O Evangelho de Jesus Cristo proíbe estritamente ao uso do governo civil ou secular para o avanço da causa de Cristo neste mundo.
O Novo Testamento conta-nos que o reino de Cristo conquista pela escolha, não pela força. A religião do Novo Testamento é de cunho voluntário. Requer-se uma mente pronta para uma intenção do adorador para atos religiosos e uma adoração que agrada a Deus.
O poder do governo não consegue mudar os corações dos homens em proporção alguma. Apenas Deus tem esse tipo de poder. A coerção legal, política, militar e policial não tem força para impedir que as almas concordem com as doutrinas e as leis de Cristo. O reino de Cristo é sustentado muito mais pelo amor e pela disciplina do que pela força. As igrejas do Novo Testamento nunca se apoiaram no governo secular para manter a fé verdadeira nem pela lei ou pela força nem punindo dissensores com a morte!
O Estado não tem o direito de punir dissensores religiosos. O governo não é responsável por proteger a igreja de falsas igrejas. A igreja protege a si mesma através da sua vigilância constante, pregando o verdadeiro evangelho e expondo as Escrituras.
A igreja protege-se daqueles que dentro dela não querem ser governados pela verdade excluindo-os dentre os seguidores. Os Cristãos não usam a espada que é do mundo e temporal. Usam a disciplina da igreja como é ensinada no Novo Testamento. Os Cristãos do Novo Testamento nunca recorreram à força a fim de impor sua disciplina. A dimensão do poder da igreja sobre um membro que está errado permite sua exclusão dentre os membros, como ensina a Palavra de Deus em Romanos 16:17, Mateus 18:15-17 e II Tessalonicenses 3:6, 14-15.
O Senhor Jesus Cristo, a Grande Cabeça da igreja, ensinou sobre a separação entre a igreja e o estado, e não fez nenhum esforço para relacionar Seu reino e suas igrejas ao governo civil. O Senhor Jesus Cristo nunca instituiu o papado, nunca lhe deu controle espiritual ou temporal sobre as nações e nunca sequer sugeriu que seu povo se sujeitasse a ele.
De acordo com o Novo Testamento, a jurisdição do estado é puramente secular e civil. Questões religiosas estão fora de seu domínio! A igreja nunca deve voltar-se ao Estado para resolver obras que são dela. Nunca deve usar o Estado para guerrear, divulgar suas crenças ou punir aqueles que descordam ou se recusam submeter a igreja.
A Palavra de Deus ensina sobre a completa liberdade da igreja em relação ao controle do Estado. Uma igreja do Novo Testamento é uma igreja independente do Estado. Uma igreja do Novo Testamento não pode estar aliada à nação ou ao governo e, ao mesmo tempo, manter-se uma igreja espiritual! As igrejas de Jesus Cristo são independentes, auto-governáveis, auto-sustentáveis e auto-geradoras de seu corpo.
Por muito tempo questionei-me e preocupei-me pelo fato de que séculos atrás muitos Anabatistas da Europa recusaram-se a servir ao exército, fazer juramentos e possuir cargos políticos. Estudando a história Batista descobri que a razão para aqueles Anabatistas se recusarem a fazer tais coisas deve-se à união da Igreja Católica ao governo civil quando eles viveram. Essa aliança pecaminosa entre a Igreja e o governo civil puniu e perseguiu Anabatistas e tantos outros devido à audácia que esses tiveram de discordar da Igreja Católica e não fazer juramentos, não servir o exército e não possuir cargos políticos, o que seria o mesmo que cooperar com a religião do Estado e participar dela.

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